Data: 25 de março de 2006
O nome "Lobo" ecoa como um mistério envolto em curiosidade e temor. Membro influente de uma gangue local conhecida como 'Os Maníacos', ele é descrito de forma ambígua.
Em pleno 2006, enquanto a violência urbana continua a crescer e se torna cada vez mais uma ferida aberta na região, o 'Lobo' vem se tornando um dos maiores desafios para a polícia, liderada pelo delegado Éder Mauro.
Poucas pessoas podem afirmar com certeza que viram o Lobo. Para alguns moradores, ele é um homem mais velho, talvez um veterano das ruas, com o rosto que carrega as marcas do tempo.
Para outros, incluindo a própria polícia, o 'Lobo' seria um jovem entre 16/20 anos. Por relatos de alguns membros de gangue rivais, ele é descrito por ter uma mente afiada, que conhece cada atalho, esquina e beco do Guamá.
"Quando a gente chega, esse vagabundo e a gangue já fugiram. A comunidade protege, o que torna tudo mais difícil", afirma o delegado Éder Mauro, que lidera as investigações.
A influência do Lobo vai além dos becos do Guamá. Sua gangue, Os Maníacos, está envolvida em confrontos frequentes com a Galera da Onda, um grupo rival que disputa território e influência sobre o local.
Em um dos episódios mais recentes, próximo a uma escola estadual, testemunhas relatam que um confronto quase se tornou uma tragédia quando tiros foram disparados em plena luz do dia pela 'galera da onda'. Mas, segundo os relatos, o próprio 'Lobo' teria intervido para evitar que uma funcionária da escola fosse ferida. "Ele chegou com a turma dele, fez geral fugir. Foi horrível, mas ao mesmo tempo, parecia que ele não queria que ninguém se ferisse, ele é jovem inclusive de boa aparência", conta uma professora que preferiu não se identificar, afirmando que viu o 'Lobo'.
Essa ambivalência é o que torna 'Lobo' uma figura tão intrigante. Apesar de ser acusado de envolvimento no comando de uma gangue, ele é defendido por muitos moradores por seus "bons atos".
"Teve um dia que apareceu na nossa porta com uma cesta básica. Meu marido está desempregado, e a gente não tinha mais o que comer. Nunca vou esquecer disso, pois sei que foi ele, por que ele tem esse hábito na comunidade", conta uma moradora da área. Histórias como essa são comuns no Guamá e ajudam a explicar por que tantas pessoas se recusam a cooperar com a polícia.
O delegado Éder Mauro não esconde a frustração em lidar com um adversário tão escorregadio. "Ele não é Deus. o vagabundo vai cometer um erro, e nós estaremos prontos para agir e vamos colocar ele a trupe dele na papuda", declarou em uma coletiva de imprensa.
Operações policiais recentes em bares suspeitos e casas abandonadas no bairro ainda não produziram resultados. Parece que o 'Lobo' sempre está um passo à frente. A população, por sua vez, segue em silêncio. "Ninguém vai entregar o cara. O que ele faz pela comunidade fala mais alto", comenta um comerciante local.
Enquanto isso, a identidade continua a ser um mistério, o 'Lobo' é um criminoso usando o desespero alheio como escudo, ou alguém com coração grande? Para Éder Mauro e sua equipe, a resposta não importa tanto quanto capturá-lo e desmantelar a gangue dos Maníacos. Para os moradores do Guamá, no entanto, a história é diferente.
Por enquanto, o 'Lobo' segue como uma figura que caminha entre o bem e o mal, protegido pelos becos do bairro e pelo coração de uma comunidade que conhece tanto a dor da violência quanto o calor da solidariedade.
Cobraremos das autoridades uma solução para esta situação toda, e esperamos ansiosos o desfecho desse B.O.
Por: Dilson Pimentel
Jornalista com experiência investigativa e em tecnologia.